domingo, 23 de maio de 2010

Belo Monte e o desenvolvimento do Brasil

Jornal do Brasil

22/05/2010

Belo Monte e o desenvolvimento do Brasil

Humberto Viana Guimarães 


RIO - Antes que algum curioso (normalmente mal-informado) saia por aí dando opiniões sobre a conveniência e viabilidade da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e outras hidrelétricas previstas para região amazônica, seria de bom tom que essas pessoas estudassem mais e se inteirassem melhor dos fatos. Assim procedendo, dar-se-iam conta do ponto mais importante e que é mandatório para o crescimento de qualquer país: disponibilidade de energia farta.

Para que o Brasil tenha um crescimento anual e contínuo de 5% do PIB nos próximos anos, é imperativo que sejam disponibilizados 4 mil MegaWatts (MW) a cada ano. Isso representa a entrada no parque gerador de uma usina do porte de Belo Monte a cada ano (essa hidrelétrica terá garantia física de 4.571 MW médios (MWmed).



O resto é conversa fiada de aproveitadores que mamam nas tetas de algumas ONGs e usam os índios e ribeirinhos como “bucha de canhão” para criar tumulto. Como bem expressou o professor da PUC-GO Jean-Marie Lambert (jornal O Popular, Goiânia, 09/05/10): “Difícil explicar (James) Cameron, mas a Amazônia não é enfeite... nem jardim botânico de alemão, zoológico de holandês ou museu antropológico de suíço. É sim, bem econômico à espera de desenvolvimento. Sustentável... é ponto pacífico”.

Se os mal-informados tivessem hábito da leitura, saberiam que, pelos números da Aneel, em 15/05/2006 tínhamos potência fiscalizada de 94.202,510 MW e exatos quatro anos depois temos 108.333,978 MW, ou seja, neste período tivemos somente 3,75% de crescimento na oferta de energia (nota: pela definição da Aneel, “a potência fiscalizada é igual à considerada a partir da operação comercial da primeira unidade geradora”). Apesar dos discursos ufanistas do governo petista que tanto critica o governo FHC pelo ocorrido em 2001, não resta dúvida de que só não tivemos problemas de racionamento de energia no governo Lula devido ao baixo crescimento do PIB brasileiro (média de 3,57% desde 2003).

Assim, e tendo em vista que os empreendimentos hidrelétricos na região amazônica, devido à sua complexidade e logística, têm período de maturação - entre os estudos de viabilidade até a operação da primeira turbina - muito mais longo, é necessário que busquemos alternativas complementares, enquanto se concretizem os empreendimentos amazônicos.

Opções não faltam, tais como: a) o setor sucroalcooleiro, tendo garantia firme de compra, tem condições de disponibilizar 10 mil MW, que podem dobrar em médio prazo; b) a energia eólica, antes incipiente, está crescendo e pode contribuir em curto prazo com outros 10 mil MW; c) as pequenas centrais hidrelétricas – PCHs – que atualmente têm 3.125,987 MW e outros 882,291 MW em construção, podem dar enorme contribuição e agregar, no mínimo outros 3 mil MW; d) usar o gás natural (GN), que é queimado pela Petrobras, para a geração térmica. Segundo dados da ANP referentes aos três primeiros meses de 2010, houve queima diária média de 7,4 milhões de m³ de GN, volume que, somado à metade do que é reinjetado (12,3 milhões de m³), ou seja, cerca de 13 milhões de m³, daria para gerar em torno de 2 mil MW; e e) outra providência pouco discutida, mas de enorme importância e valor e que teria efeito quase imediato, seria a repotenciação de várias hidrelétricas com mais de 20 anos de operação (há casos de até 50 anos!). Essa providência, simples e de baixo custo, poderia acrescentar 3 mil MW. Importante ressaltar que essas opções não substituem os grandes empreendimentos hidrelétricos produtores de grandes blocos de energia.

Se implementarmos as soluções citadas acima, teríamos para ofertar em curto/médio prazos mais 28.000 MW, que representam 25,85% dos atuais empreendimentos fiscalizados, que somados aos empreendimentos em construção - 18.101,500 MW (fonte: Aneel) – nos dariam segurança energética até que se construíssem as hidrelétricas da região amazônica, aí incluída a UHE Belo Monte.

No entanto, para que esse potencial amazônico seja bem aproveitado e que de fato traga benefícios reais para o país, é necessário: 1º) Que haja uma melhor precificação do MegaWatt, pois o valor do lance de R$ 77,97/MW de Belo Monte é prejuízo na certa; 2º) que os orçamentos das obras sejam feitos em bases mais realistas, levando em conta que construir uma hidrelétrica na região amazônica é totalmente diferente do que construir uma similar na região Sudeste, por exemplo; e 3º) que as obras sejam executadas por consórcios de empresas construtoras que tenham conhecimento da região e dos projetos, suporte técnico e financeiro, e principalmente expertise em projetos de tal magnitude, e não por aqueles montados a toque de caixa para atender prazos eleitoreiros.

* Engenheiro civil e consultor





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Mapas, Fotos e Imagens relacionadas a este post



Complexo Hidreletrico de Belo Monte


Região em que será construída a Usina de Belo Monte

Ilustração: Arte do projeto de Belo Monte


Sabotando o desenvolvimento do Brasil : 
James Cameron, canadense radicado nos EUA, diretor do filme Avatar, em manifestação contra a construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). Estados Unidos e Canadá, juntos, consomem 20% de toda a energia hidrelétrica produzida do mundo, mas defendem que o Brasil não pode construir novas usinas.
 Foto: Valter Campanato - Agência Brasil



Projeto da Hidrovia do Rio Xingu: o papel da construção de uma Eclusa na Usina de Belo Monte



6 comentários:

  1. Isso é um absurdo!!!A construção desta hidrelétrica está fora de cogitação.Milhares de espécies serão literalmente assassinadas,famílias serão deslocadas sabe Deus para onde...elas não querem um apartamento,um ar-condicionado,uma tv de plasma...será que é tão difícil de compreender?Para mim ou para você pode ser pouco,mas para eles aquele lugar é TUDO.Já bastam os desastres naturais...não vão cometer mais besteiras.Grata pela atenção...espero do fundo da minha razão que minhas palavras sirvam para alguma coisa.Emy Minori

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  2. Também acredito que para aumentar o PIB é necessário produzir mais enérgia, porém, o aumento do PIB não significa um bom desenvolvimento humano, ao contrário, creio que esta forma de crescimento, agredindo a natureza, é prejudicial, e por conta destas ações, poderemos sofrer consequências gravíssimas, deveriamos aprender com os índios a convivência em harmonia com a mãe natureza, e pararmos com estas agressões que nos leva ao caõs e ao nosso próprio extermínio...

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  3. É impossível construir uma usina do porte de Belo Monte sem que sacrifiquemos uma parte da floresta.
    Más garanto que o dano é bem menor do que o alardeado pela patrulha do atraso.
    Os benefícios que a obra vão trazer, são infinitamente maiores que os danos. Por exemplo: o desenvolvimento para a região, a qualificação da mão de obra,oportunidade de trabalho para os moradores da região. Sem falar na produção de energia,que beneficiara o pais como um todo.
    atenciosamente
    Antonio Carlos RS -

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  4. o que é mais importante?

    De um lado temos:

    - Alguns POUCOS moradores;
    - POUQUÍSSIMO Desflorestamento;
    - Índios (cultura);
    - Estamos falando de quantas pessoas? 1,000 ou 10,000 talvez 100,000 vamos exagerar e colocar logo 1,000,000

    Do outro lado temos:

    - Um Brasil que não cresce;
    - PARA um estado que está centenas de anos atrasado em relação ao mundo;
    - Falta de capacidade do Brasil em prover energia elétrica como deveria produzir;
    - Estamos falando de quantas pessoas aqui? 1,000,000 ou 10,000,000 talvez 100,000,000 não estamos falando de quase 200,000,000

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  5. Parece um tanto quanto injusto "6" meia dúzia de pessoas contribuírem com o não crescimento do Brasil e ninguém falar nada, do que construírem uma hidroelétrica a favor de TROCENTAS pessoas.

    Tenho certeza que o desmatamento que acontece diariamente por falta de fiscalização é muito maior do esse desflorestamento por uma causa boa e justa. Pessoas defendem índio e a condição pobre de vida das pessoas, daí eu pergunto, porque essas pessoas não desligam a internet e regridem e vão morar com os índios e esta classe que não tem oportunidade de desenvolvimento? Na primeira oportunidade que esse povo recebe de se desenvolver vem um outro que não entende NADA de desenvolvimento e fala que devemos viver em harmonia com a natureza, mas ela mesmo está se beneficiando de energia para postar seu comentário em um veículo recebedor de energia (seu belo computador).

    Creio que se houver um comprometimento em relação a empresa responsável pela concessão em preservar o máximo que ela puder e procurar reflorestar outras partes do Brasil como outras empresas já fazem, já seria excelente. Embora nossas Florestas não sejam jardim, nem quintal de turistas vindo do exterior, nossas florestas ainda nos (Mundo) beneficia com Oxigênio que é na verdade muito mais importante do que qualquer hidroelétrica.

    Leandro Amaral

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  6. Aos ambientalistas:

    Ao invés de tentarem sabotar um investimento de infraestrutura que nos dará condições de crescer a um baixo custo ambiental, porque não torpedear o setor pecuário, que a cada dia mais invade e desmata terras amazônicas, em prol da riqueza dos donos de frigoríficos? Isto sim é desmatamento para o benefício de poucos.

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