sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Governo aprova Política de Defesa Cibernética

Agência Brasil, 27/12/2012

Governo aprova Política Cibernética de Defesa

Mariana Tokarnia 

Repórter da Agência Brasil


Brasília - O Ministério da Defesa aprovou a política que define estratégias de defesa cibernética nos níveis operacional e tático e que deve ser aplicada nos grandes eventos que serão sediados no país, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Portaria que aprova a Política Cibernética de Defesa foi publicada hoje (27) no Diário Oficial da União.

De acordo com o documento, caberá ao ministério, em conjunto com as Forças Armadas, impedir ou dificultar a utilização criminosa da rede. Para isso, a política prevê a implantação do Sistema Militar de Defesa Cibernética, composto por militares e civis, e o fornecimento da estrutura e infraestrutura para que as atividades de defesa sejam desempenhadas.  

Deverão ser criados e normatizados processos de segurança cibernética para padronizar os procedimentos de defesa da rede. Deverão também ser estabelecidos programas e projetos para assegurar a capacidade de atuar em rede com segurança. A política deve integrar as ações já em curso de defesa cibernética no país.

Em agosto de 2011, foi criada, por meio do Decreto 7.538, a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, responsável por planejar, definir, coordenar, implementar, acompanhar e avaliar as ações de segurança para esse tipo de evento, promovendo a integração entre os órgãos de segurança pública federais, estaduais, distrital e municipais envolvidos com a questão.

Já em agosto deste ano, portaria do Ministério da Defesa estabeleceu as diretrizes que vão nortear a atuação dos militares do Exército, da Marinha e Aeronáutica durante os grandes eventos.

A portaria também autoriza o Ministério da Defesa a empregar, temporariamente, as Forças Armadas para atuar na segurança e defesa cibernética, defesa contra terrorismo, fiscalização de explosivos, contingência e defesa contra agentes químicos, biológicos, radiológicos ou nucleares; e em outras atribuições constitucionais das Forças Armadas, em todas as cidades-sede, durante a Copa e as Olimpíadas.

Apesar de não ter sofrido nenhum grande atentado virtual, o Brasil é um dos países com maior ocorrência de crimes cibernéticos. Em pesquisa realizada pela empresa norte-americana Norton, especializada em antivírus, o Brasil estava, em 2011, em quarto lugar em uma lista de 24 países com maior quantidade de crimes cibernéticos aplicados, abaixo da China, África do Sul e México.

Segundo a pesquisa, 80% dos adultos brasileiros já foram vítimas desse tipo de crime. A cada 11 dias, uma nova vítima de crime cibernético é registrada no país. Calcula-se que, em 2011, o prejuízo tenha chegado a US$ 15 bilhões.
 

*Colaborou Alex Rodrigues   //     Edição: Lílian Beraldo

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O STF abriu a Caixa de Pandora, por Luis Nassif

 ter, 18/12/2012 

O Supremo abriu a Caixa de Pandora



Autor : 
 
O xadrez político está interessantíssimo, principalmente depois do episódio STF-Congresso.
O Estadão não se pronunciou em editorial. A Folha condenou a atitude do Supremo. Parece que o Globo não se pronunciou.
As razões ficarão mais claras no decorrer da leitura desse artigo. Abriu-se uma Caixa de Pandora que, provavelmente, nem mesmo os Ministros do STF tinham previsto.
Como diz o Antonio Só nos comentários: "Tirar o saci da garrafa é fácil; quero ver botar ele de novo lá dentro..."

Primeiro passo - Esqueçam, por um instante, que essa pro-atividade do STF (Supremo Tribunal Federal) foi insuflada pela mídia. Interessa, agora, a análise dos desdobramentos.

Segundo passo – Separem o relevante do irrelevante na atuação dos Ministros.
Joguem no lixo da história personagens como Luiz Fux e Ayres Britto, insignificantes, pequenos oportunistas.
Fixem-se nos dois que tiveram efetivamente peso, Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes. O primeiro, um torquemada para ninguém botar defeito. O segundo, um acendrado defensor dos seus que, no episódio Satiagraha, agiu para enquadrar o juizado de primeira instância. Incluam o Marco Aurélio de Mello, um ex-garantista que, por convicção política, abriu mão de sua atuação pregressa.
Por motivos nobres ou menores, liberou geral.
Depois, analisem o voto de Celso de Mello, o que mais se aproxima do perfil do magistrado tradicional, afirmando – com o rompante de quem aguardou a vida toda por esse momento histórico – o primado da lei e a ameaça à ordem democrática no caso de ela ser desrespeitada.

Terceiro passo –Vamos alargar a vista, sair das paredes restritas do Supremo para o Poder Judiciário como um todo. Para o bem ou para o mal, esse voto enquadra todos os poderes – inclusive o próprio STF. É por aí que se entenderá a abertura da Caixa de Pandora.
O sistema judiciário é uma organização complexa, composta de várias instituições, a primeira instância, os tribunais estaduais, os federais, o Ministério Público etc.
É um sistema integrado por pessoas, organizadas em torno da interpretação da Constituição e das leis. Como leis comportam várias interpretações, o agente uniformizador é o Supremo. Proferidas suas sentenças, firmada a jurisprudência, as conclusões irradiam-se por todo o sistema jurídico, obrigando juízes, promotores, procuradores a se adequarem às normas.
Mais que isso: sujeitando o STF a todo tipo de cobrança, daqui para frente, para preservar a coerência.
Vamos a um pequeno levantamento das repercussões dessa votação

Direitos humanos
O Ministério Público Federal trabalha, há anos, para condenar torturadores. Para tanto, há a necessidade de sobrepor à Lei da Anistia um documento juridicamente superior: as determinações da Corte Interamericana de Direitos Humanos (http://www.corteidh.or.cr/).
Segundo o que consta no site da AGU (http://migre.me/cr0nA)
A Corte Interamericana de Direitos Humanos tem competência para conhecer de qualquer caso relativo à interpretação e aplicação das disposições da Convenção Americana sobre Direitos humanos, desde que os Estados-Partes no caso tenham reconhecido a sua competência. Somente a Comissão Interamericana e os Estados Partes da Convenção Americana sobre Direitos Humanos podem submeter um caso à decisão desse Tribunal. (…)
No plano contencioso, sua competência para o julgamento de casos, limitada aos Estados Partes da Convenção que tenham expressamente reconhecido sua jurisdição, consiste na apreciação de questões envolvendo denúncia de violação, por qualquer Estado Parte, de direito protegido pela Convenção. Caso reconheça que efetivamente ocorreu a violação à Convenção, determinará a adoção de medidas que se façam necessárias à restauração do direito então violado, podendo condenar o Estado, inclusive, ao pagamento de uma justa compensação à vítima.
A tendência do STF era a de não aceitar as determinações da Corte. À luz da observância estrita das leis, o STF ousará se opor às determinações da Corte? Não tem como. A não ser que Celso de Mello e seus pares pretendam impor o primado da selvageria jurídica no país.

Reportagens abusivas contra saúde pública
A revista Veja solta uma matéria de capa vendendo como emagrecedor determinado remédio para diabetes. A Anvisa  (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem legislação férrea contra publicidade de remédios, mas não agiu contra a publicidade disfarçada de matéria. Pode alegar que existe um vácuo na lei em relação a esse ponto.
Mas o STF ensinou que, em caso de vácuo na legislação, caberá ao Judiciário atuar. Com base na decisão dos cinco do Supremo, procuradores da base ganharam fôlego para atuar contra esse tipo de reportagem.
Gradativamente os abusos midiáticos contra a saúde pública terão um novo fiscal: o MPF e o Judiciário.
Outro caso: o carnaval em torno da febre amarela. Oficiou-se o MPF. Na época, o Ministério da Saúde não apresentou estatísticas que comprovassem o aumento de mortes devido à escandalização da febre, por isso o processo não foi para frente. Mas, no decorrer da instrução, todas as empresas jornalísticas tiveram que mobilizar seu jurídico para prestar contas ao MPF. Agora, saiu um estudo de uma professora da USP com a comprovação do aumento de mortes. Provavelmente o MPF reabrirá o caso, agora com força redobrada graças ao horizonte que se abriu com os votos dos cinco do Supremo.
E as empresas jornalísticas terão que reforçar seu jurídico para atender às novas cobranças.

Concessões de rádio e TV
Até hoje era questão absolutamente pacificada. O Ministério das Comunicações nunca teve coragem de enfrentar o modelo abusivo de concessões e o Congresso, como parte interessada, sempre avalizou a não-ação do Ministério.
Jamais se exigiu dos concessionários provas de ilibada reputação – lembrem-se o caso do inacreditável Ronaldo Tiradentes, dono da concessão da CBN Manaus e que acaba de ganhar uma concessão de TV do Ministério das Comunicações, graças a sua rede de relações políticas.
Agora, haverá condições da sociedade civil questionar diretamente o Judiciário sobre o uso abusivo das concessões. Será mais um vácuo a ser ocupado.

Abusos contra minorias
Nos últimos anos houve uma ação solitária do MPF contra os abusos de emissoras contra direitos difusos da população – ataques às religiões afro, exercício do preconceito abusivo, ridicularização de gays e obesos, mensagens não-educativas às crianças, propaganda infantil abusiva etc. Mas, em geral, eram barradas na Primeira Instância porque juízes não acreditavam que o judiciário pudesse avançar em outros campos, mais restritos ao Executivo.
Ora, o Executivo não regula, não coíbe abusos. O máximo que faz é definir recomendações e horários. Mas, como o STF ensinou, o vácuo na ação do Executivo precisa ser preenchido pelo Judiciário.

Ações contra políticos da oposição
Depois do mensalão, como não repetir o mesmo padrão de julgamento no mensalão mineiro e em outras ações envolvendo parlamentares de todos os partidos e governantes de todas as épocas?

Discutindo a nova posição
Mais do que nunca, CNJ (Conselho Nacional de Justiça), MPF, justiças estaduais precisam seguir o exemplo da Ajufe (Associação dos Juízes Federais) e começar a discutir da forma mais aberta possível essas questões. Inclusive entender de maneira adequada o papel da velha mídia, da nova mídia, a nova opinião pública.
A campanha em torno do mensalão visava atingir um poder: o Executivo. Aberta a Caixa de Pandora, os demais dois poderes ficaram expostos ao primado da lei. Um, o próprio STF, que será regido, de agora em diante, pela cobrança permanente de coerência. Outro, a mídia, o segundo poder maior do país.


 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Dilma e Patriota escolhem novos nomes para áreas estratégicas da política externa do Brasil

Agência Brasil, 11/12/2012

Dilma e Patriota escolhem novos nomes para áreas estratégicas da política externa

Renata Giraldi

Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Ministério das Relações Exteriores  promoverá mudanças em duas áreas estratégicas: a Secretaria-Geral e a Subsecretaria-Geral de Assuntos Econômicos e Financeiros. O atual embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo Santos, assumirá a Secretaria-Geral do Itamaraty. Para a área econômica, o escolhido é o embaixador Enio Cordeiro. As mudanças foram anunciadas, internamente, ontem (10).  

A escolha de Santos e Cordeiro demonstra a relevância da América do Sul para o governo da presidenta Dilma Rousseff. Santos é considerado um dos nomes mais preparados do Itamaraty - foi assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, no período do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, além ter ocupado postos na América do Sul e Europa.

Santos acompanhou de perto a crise no Paraguai, deflagrada pela destituição do então presidente Fernando Lugo – que deixou o poder após a aprovação de um impeachment. Para os presidentes sul-americanos, a destituição ocorreu em meio ao rompimento da ordem democrática.

Embaixador em Assunção, Santos foi elogiado por integrantes do governo pela forma como lidou com os acontecimentos. Antes, ele havia se destacado ao mediar as tensões entre brasiguaios (brasileiros que moram no Paraguai) e o governo Lugo.

Cordeiro é apontado como um especialista em América do Sul. Embaixador em Buenos Aires, ele lida cotidianamente com as negociações entre os governos do Brasil e da Argentina. Para os brasileiros, os argentinos impõem barreiras que dificultam a entrada de produtos na região.

O atual subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Financeiros, Waldemar Carneiro Leão, será o novo embaixador do Brasil na China. Os chineses são os principais parceiros comerciais do Brasil e de vários países sul-americanos.

Edição: Graça Adjuto

sábado, 1 de dezembro de 2012

Forças Armadas do Brasil simulam defesa das plataformas de petróleo em alto mar

Agência Brasil,  28/11/2012

Operação em alto-mar das Forças Armadas prepara país para defesa das plataformas de petróleo

Flávia Villela

Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Vôos rasantes, bombas, tiros de canhão e metralhadoras e fumaça em plena costa brasileira fizeram parte da simulação de ataque de duas aeronaves contra o navio de desembarque de carro de combate Almirante Sabóia, de 138 metros de comprimento, da Marinha brasileira.

O ataque simulado, feito hoje (28) a cerca de 80 quilômetros da entrada da Baía de Guanabara, foi um dos exercícios da terceira edição da Operação Atlântico 3, coordenada pelo Ministério da Defesa.

De acordo com o comandante da Primeira Divisão da Esquadra da Marinha, contra-almirante Márcio Ferreira de Mello, testes como esses servem para preparar o país para emergências que possam ameaçar a chamada Amazônia Azul, área marítima com cerca de 700 quilômetros de extensão a partir da costa brasileira.

“Neste ano focamos na defesa de instalações estratégicas, como as nossas plataformas de petróleo e nossas linhas de comunicação marítimas, pois o tráfego marítimo é responsável por 95% do nosso comércio exterior”.

Outro objetivo importante, segundo Ferreira de Mello, é testar e incrementar a integração entre as três Forças para momentos de atuação conjunta.

A operação durou duas semanas, mobilizou cerca de 10 mil homens das Forças Armadas e custou aproximadamente R$ 15 milhões. Além da parte marítima, que contou com submarinos, navios-patrulha oceânicos, fragatas e corvetas, a parte aérea mobilizou aviões, helicópteros e homens, enquanto carros de combate do Exército encarregaram-se da proteção terrestre.

Ao longo do dia foram feitos cinco exercícios: simulação de ataque de aeronaves à Força Naval, de incêndio a bordo causado por ataque, incidente de proteção marítima envolvendo um suposto navio exercendo atividades ilegais em águas brasileiras, tiro de superfície sobre alvo à deriva e a transferência de um militar entre dois navios.

Embarcado há 16 dias, o estudante Antônio Marco Ferreira Neto, 19 anos, foi um dos 23 alunos do Colégio Naval que se apresentaram como voluntários para participar da operação como observadores. “Vim, porque queria ter um melhor preparo para fazer uma escolha no futuro na carreira que pretendo seguir a Marinha”.

Cursando o 3º ano do ensino médio, o rapaz disse que a parte da Armada foi a que mais gostou de ver durante os testes. “Foi muito proveitoso o convívio com praças e oficiais que nos deram muitas informações a respeito da carreira”, comentou.

As operações Atlântico anteriores ocorreram em 2008 e 2010. O contra-almirante ressaltou que todos os anos as Forças Armadas fazem pelo menos duas operações de testes, na costa ou nos rios brasileiros.

Edição: Davi Oliveira

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-28/operacao-em-alto-mar-das-forcas-armadas-prepara-pais-para-defesa-das-plataformas-de-petroleo

“Custo Brasil” ou “lucro Brasil”? Porque as taxas de lucro no Brasil são tão exorbitantes.

Blog do Miro, 3 de julho de 2011 

“Custo Brasil” ou “lucro Brasil”?

Altamiro Borges

A elite patronal adora falar no tal “Custo Brasil”. Ambiciosa e marota, ela difunde que a economia é vítima da alta carga tributária e do elevado custo da força de trabalho. Repetitiva, ela usa sua mídia para defender a redução dos impostos e o corte dos direitos trabalhistas. Os editoriais do jornalões e os comentários na TV são unânimes na defesa deste "pensamento único" neoliberal.


Felizmente, ainda há jornalistas na velha mídia que não se submetem às bravatas empresariais e exercitam com ética a profissão – pesquisando as reais causas que entravam o desenvolvimento da economia. É o caso do jornalista Joel Leite, especialista no setor automobilístico, que produziu uma reportagem no UOL que desmascara o discurso do Custo Brasil. Reproduzo alguns trechos:

 
O carro mais caro do mundo

“O Brasil tem o carro mais caro do mundo. Por quê? Os principais argumentos das montadoras para justificar o alto preço do automóvel vendido no Brasil são a alta carga tributária e a baixa escala de produção. Outro vilão seria o “alto valor da mão de obra”, mas os fabricantes não revelam quanto os salários – e os benefícios sociais - representam no preço final do carro. Muito menos os custos de produção, um segredo protegido por lei.

A explicação dos fabricantes para vender no Brasil o carro mais caro do mundo é o chamado Custo Brasil, isto é, a alta carga tributária somada ao custo do capital, que onera a produção. Mas as histórias que você verá a seguir vão mostrar que o grande vilão dos preços é, sim, o Lucro Brasil. Em nenhum país do mundo onde a indústria automobilística tem um peso importante no PIB, o carro custa tão caro para o consumidor (...).

Com um mercado interno de um milhão de unidades em 1978, as fábricas argumentavam que seria impossível produzir um carro barato. Era preciso aumentar a escala de produção para, assim, baratear os custos dos fornecedores e chegar a um preço final no nível dos demais países produtores.

Pois bem: o Brasil fechou 2010 como quinto maior produtor de veículos do mundo e como quarto maior mercado consumidor, com 3,5 milhões de unidades vendidas no mercado interno e uma produção de 3,638 milhões de unidades. Três milhões e meio de carros não seria um volume suficiente para baratear o produto? Quanto será preciso produzir para que o consumidor brasileiro possa comprar um carro com preço equivalente ao dos demais países?


Carga tributária caiu e preço do carro subiu

O imposto, o eterno vilão, caiu nos últimos anos. Em 1997, o carro 1.0 pagava 26,2% de impostos, o carro com motor até 100cv recolhia 34,8% (gasolina) e 32,5% (álcool). Para motores mais potentes o imposto era de 36,9% para gasolina e 34,8% a álcool. Hoje – com os critérios alterados – o carro 1.0 recolhe 27,1%, a faixa de 1.0 a 2.0 paga 30,4% para motor a gasolina e 29,2% para motor a álcool. E na faixa superior, acima de 2.0, o imposto é de 36,4% para carro a gasolina e 33,8% a álcool.

Quer dizer: o carro popular teve um acréscimo de 0,9 ponto percentual na carga tributária, enquanto nas demais categorias o imposto diminuiu: o carro médio a gasolina paga 4,4 pontos percentuais a menos. O imposto da versão álcool/flex caiu de 32,5% para 29,2%. No segmento de luxo, o imposto também caiu: 0,5 ponto no carro e gasolina (de 36.9% para 36,4%) e 1 ponto percentual no álcool/flex.

Enquanto a carga tributária total do País, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, cresceu de 30,03% no ano 2000 para 35,04% em 2010, o imposto sobre veículo não acompanhou esse aumento. Isso sem contar as ações do governo, que baixaram o IPI (retirou, no caso dos carros 1.0) durante a crise econômica. A política de incentivos durou de dezembro de 2008 a abril de 2010, reduzindo o preço do carro em mais de 5% sem que esse benefício fosse totalmente repassado para o consumidor.

As montadoras têm uma margem de lucro muito maior no Brasil do que em outros países. Uma pesquisa feita pelo banco de investimento Morgan Stanley, da Inglaterra, mostrou que algumas montadoras instaladas no Brasil são responsáveis por boa parte do lucro mundial das suas matrizes e que grande parte desse lucro vem da venda dos carros com aparência fora-de-estrada. Derivados de carros de passeio comuns, esses carros ganham uma maquiagem e um estilo aventureiro. Alguns têm suspensão elevada, pneus de uso misto, estribos laterais. Outros têm faróis de milha e, alguns, o estepe na traseira, o que confere uma aparência mais esportiva.


Margem de lucro é três vezes maior que em outros países

O Banco Morgan concluiu que esses carros são altamente lucrativos, têm uma margem muito maior do que a dos carros dos quais são derivados. Os técnicos da instituição calcularam que o custo de produção desses carros, como o CrossFox, da Volks, e o Palio Adventure, da Fiat, é 5 a 7% acima do custo de produção dos modelos dos quais derivam: Fox e Palio Weekend. Mas são vendidos por 10% a 15% a mais.

O Palio Adventure (que tem motor 1.8 e sistema locker), custa R$ 52,5 mil e a versão normal R$ 40,9 mil (motor 1.4), uma diferença de 28,5%. No caso do Doblò (que tem a mesma configuração), a versão Adventure custa 9,3% a mais. O analista Adam Jonas, responsável pela pesquisa, concluiu que, no geral, a margem de lucro das montadoras no Brasil chega a ser três vezes maior que a de outros países.

O Honda City é um bom exemplo do que ocorre com o preço do carro no Brasil. Fabricado em Sumaré, no interior de São Paulo, ele é vendido no México por R$ 25,8 mil (versão LX). Neste preço está incluído o frete, de R$ 3,5 mil, e a margem de lucro da revenda, em torno de R$ 2 mil. Restam, portanto R$ 20,3 mil.

Adicionando os custos de impostos e distribuição aos R$ 20,3 mil, teremos R$ 16.413,32 de carga tributária (de 29,2%) e R$ 3.979,66 de margem de lucro das concessionárias (10%). A soma dá R$ 40.692,00. Considerando que nos R$ 20,3 mil faturados para o México a montadora já tem a sua margem de lucro, o “Lucro Brasil” (adicional) é de R$ 15.518,00: R$ 56.210,00 (preço vendido no Brasil) menos R$ 40.692,00.

Isso sem considerar que o carro que vai para o México tem mais equipamentos de série: freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, airbag duplo, ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos. O motor é o mesmo: 1.5 de 116cv. Será possível que a montadora tenha um lucro adicional de R$ 15,5 mil num carro desses? O que a Honda fala sobre isso? Nada. Consultada, a montadora apenas diz que a empresa “não fala sobre o assunto”.

Na Argentina, a versão básica, a LX com câmbio manual, airbag duplo e rodas de liga leve de 15 polegadas, custa a partir de US$ 20.100 (R$ 35.600), segundo o Auto Blog. Já o Hyundai ix35 é vendido na Argentina com o nome de Novo Tucson 2011 por R$ 56 mil, 37% a menos do que o consumidor brasileiro paga por ele: R$ 88 mil.

Altamiro Borges

Presidentes da Unasul se reúnem em Lima para discutir inclusão social e crescimento econômico

Agência Brasil, 30/11/2012

Presidentes da Unasul se reúnem em Lima para discutir inclusão social e crescimento econômico

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Alguns dos presidentes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se reúnem hoje (30), em Lima, no Peru, durante a Cúpula dos Chefes de Estado e Governo da Unasul para definir as metas e prioridades para a próxima etapa dos trabalhos do grupo. A ideia é aliar a inclusão social ao crescimento econômico e ao desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação.

A presidenta Dilma Rousseff cancelou a participação na cúpula por questões de agenda interna. Os presidentes Cristina Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela) também estarão ausentes.

Já estão em Lima os presidentes José Mujica (Uruguai), Ramotar Donald (Guiana), Desiré Delano Bouterse (Suriname) e o vice-presidente brasileiro Michel Temer, que representa Dilma na cúpula. Para hoje são esperados os presidentes Rafael Correa (Equador), Sebastián Piñera (Chile) e Evo Morales (Bolívia).

Ontem (29) os ministros das Relações Exteriores da Unasul definiram que deve ser criado um mecanismo para a resolução de disputas de investimentos. Mas o tema ainda tem de ser discutido e aprovado pelos presidentes de países da região.

Também há a proposta de apresentar uma posição comum sobre temas específicos, como o sugerido pelo governo do Equador, para reformar o Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanas (OEA)

O presidente do Peru, Ollanta Humala, ofereceu ontem (29) um jantar para os presidentes sul-americanos. No jantar, ele disse que a Unasul deve servir também para articular políticas e troca de experiências sobre a melhor forma de combater a pobreza e a promoção social na região.

Humala lembrou que a América do Sul é mais “desigual” do que pobre e que o esforço para combater essa característica da região deve ser coletivo. "Atualmente o povo sul-americano espera muito de nós, por isso é importante a Unasul porque a nossa história é de esperança e é por isso que nós temos que trabalhar", disse ele.

Na reunião ontem os ministros das Relações Exteriores da Unasul analisaram também as propostas apresentadas pelos conselhos de defesa, de economia, de saúde, de desenvolvimento social, de energia, educação, ciência, tecnologia e inovação e combate ao tráfico de drogas.

*Com informações da agência pública de notícias do Peru, Andina.

Edição: Talita Cavalcante



http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-30/presidentes-da-unasul-se-reunem-em-lima-para-discutir-inclusao-social-e-crescimento-economico

Chanceleres da Unasul se reúnem no Peru para discutir política, economia e defesa

Agência Brasil, 29/11/2012

Chanceleres da Unasul se reúnem no Peru para discutir política, economia e defesa

Renata Giraldi

Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e mais dez chanceleres que compõem a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se reúnem hoje (29), em Lima, no Peru. A reunião antecede a Cúpula dos Chefes de Estado e de Governo da Unasul, que ocorre amanhã. Estarão em debate questões políticas, como a expectativa do Paraguai de ver revogada sua suspensão do grupo, econômicas, com a ampliação de parcerias, além de defesa e segurança.

A Unasul é formada pela Bolívia, Colômbia, o Equador, Peru, a Argentina, o Brasil, Paraguai, Uruguai, a Venezuela, o Chile, a Guiana e o Suriname. São países observadores o Panamá e o México.

A presidenta Dilma Rousseff cancelou a participação na cúpula. No Paraguai, a expectativa é que os presidentes presentes ao encontro decidam pela revogação da suspensão do país tanto da Unasul quanto do Mercosul. O Paraguai foi suspenso em junho porque os líderes políticos da região concluíram que a destituição do então presidente Fernando Lugo ocorreu em meio ao rompimento da ordem democrática. As autoridades paraguaias negam irregularidades.

O presidente do Grupo de Alto Nível da Unasul, Salomón Lerner, esteve em Assunção, examinou o funcionamento das instituições paraguaias e conversou com autoridades do Judiciário, Executivo e Legislativo. Lerner apresentará um relatório detalhando as conclusões do grupo sobre a situação política do Paraguai. Por enquanto, a suspensão é válida até abril de 2013, quando haverá eleições presidenciais no país.

Nas áreas econômica e comercial, os conselhos ministeriais, integrados por membros de todos os países, negociam a ampliação de parcerias. As prioridades são os projetos de infraestrutura  de planejamento e integração física. Nas questões relativas à segurança e defesa, há a proposta de instaurar um conselho específico para a área e as preocupações estão centradas no combate  ao tráfico de drogas, de armas e de pessoas.   

Há ainda vários temas também em discussão que devem ser incluídos no comunicado final da cúpula. A reunião dos chefes de Estado e Governo ocupará apenas a manhã de sexta-feira (30). Os líderes poderão se manifestar pelo tempo que considerarem adequado, não há limite. Mas a única manifestação à imprensa prevista é do presidente do Peru, Ollanta Humala, que deverá fazer uma declaração – sem direito a perguntas.

Em 2011, as relações comerciais entre o Brasil e os demais integrantes da Unasul envolveu US$ 76 bilhões, registrando crescimento de 20% em relação a 2010 e de 65% se comparado a 2009. Criado em 2008, o grupo reúne 12 países sul-americanos, sendo que o Paraguai está suspenso há cinco meses. Juntos,somam 400,2 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 4,276 trilhões.

Edição: Graça Adjuto