quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A PEC 241 e o suicídio do Estado nacional nas mãos do (des)governo Temer


Carta Maior, 27/10/2016  - Copyleft

O fim do Brasil e o suicídio do Estado

O que vamos fazer quando precisarmos, por meio de endividamento - como fazem os EUA - armar as nossas forças contra eventuais inimigos externos?


Mauro Santayana


Dizem que um chefe mafioso, famoso por sua frieza e crueldade no trato com os inimigos, resolveu dar ao filho uma Lupara, uma típica cartucheira siciliana, quando este completou 15 anos de idade.

Na festa de aniversário, apareceu o filho do prefeito, que havia ganho do alcaide da pequena cidade em que viviam, ainda nos anos 1930, um belo relógio de ouro.

Passou o tempo e um dia, como nunca o visse com ela, Don Tomazzo perguntou a Peppino pela arma.

Como resposta, o rapaz enfiou, sorrindo, os dedos no bolso do colete e tirando para fora um reluzente pataca "cebola", respondeu-lhe que a havia trocado com o filho do Prefeito pelo Omega dourado.

- Ah, si?

Gritou-lhe o pai, furioso, lascando-lhe sonora bofetada.

- E che va fare se, al andare per la strada, passa alcuno e lo chiama di cornutto? Que sono le dua e mezza, cáspita?

Esse velho "causo" italiano nos vem à memória, em função da lastimável notícia de que a Câmara dos Deputados acaba de aprovar e enviar ao Senado a PEC 241, que limitará à inflação os gastos do Estado brasileiro nos próximos 20 anos.

Nem mesmo nos Estados Unidos, um dos países mais endividados do  mundo, com quase o dobro da dívida pública brasileira, existe um limite automático para o teto de endividamento nacional, bastando que este seja renovado ou aumentado pelo Congresso.
 
reprodução

Como afirmamos em outro texto sobre o mesmo tema, publicado em julho deste ano, com o título de DÍVIDA PÚBLICA E ESTRATÉGIA NACIONAL - O BRASIL NA CAMISA DE FORÇA, não existem nações fortes sem estado forte, e isso nos lembra, novamente, os EUA, que tem 5 milhões de funcionários públicos apenas no Departamento de Defesa.

Se formos considerar o "ocidente" não existem nações desenvolvidas sem alto endividamento, como é o caso dos países do G-7, todos com dívidas públicas brutas ou líquidas maiores que a brasileira, a começar pelo Japão, com 290% do PIB e, mais uma vez, pelos EUA, de quem somos - apesar de estarmos "quebrados" como afirma a toda a hora o governo e a mídia - o quarto maior credor individual externo.

É compreensível que os inimigos da Política, enquanto atividade institucionalizada, defendam, estupidamente, a diminuição do papel do Estado no contexto da sociedade brasileira, e, por meio dele, a diminuição do poder relativo do povo, com relação a outros setores e segmentos, como os banqueiros e os mais ricos, por exemplo.

O que não se pode entender é que os próprios deputados e senadores sabotem, de forma suicida, o seu poder real e o de barganha, enxugando os recursos de que dispõem o Congresso e o governo, e, em última instância, o Estado, para atender seus eleitores, cumprir o seu papel e determinar os rumos do país e o futuro da sociedade brasileira.

O problema não é apenas a questão social, à qual se apega a oposição, quando cita a ameaça que paira, com essa PEC, sobre a educação e a saúde.

Muito mais grave é, como dissemos, o enfraquecimento relativo da soberania popular exercida por meio do voto pela população mais pobre.

E, estrategicamente, o engessamento suicida do Estado brasileiro, em um mundo em que, como provam os países mais desenvolvidos, não existe crescimento econômico sem a presença do governo no apoio a empresas nacionais fortes - vide o caso da Europa, dos EUA, da China, dos Tigres Asiáticos - em áreas como a infraestrutura, a tecnologia, a ciência, e, principalmente, a defesa.

Temos que entender que não somos uma republiqueta qualquer.

Que nos cabe a responsabilidade de ocupar - sem jogar pela janela - o posto de quinto maior país do mundo em território e população, que nos foi legado, à custa de suor e de sangue, pelos nossos antepassados.

Se formos atacados por nações estrangeiras - que não estarão à mercê de semelhantes e estúpidas amarras - se formos insultados e ameaçados em nossa soberania, o que vamos fazer quando precisarmos, por meio de endividamento - como fazem os Estados Unidos a todo momento - aumentar a produção de material bélico e armar as nossas forças contra eventuais inimigos externos?
 
Esperar 20 anos, para que se extinga a validade dessa lei absurda que estamos votando agora?

Ou gritar, para os soldados estrangeiros, quando estiverem desembarcando em nossas praias, o índice de inflação do ano anterior, e, como o filho do mafioso siciliano, informar que horas são quando eles estiverem nos chamando de imbecis, agredindo nossos filhos e estuprando nossas mulheres?







Resultado de imagem
Resultado de imagem

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

IBGE divulga dados que demonstram queda preocupante na taxa de fecundidade e envelhecimento acelerado da população brasileira

O IBGE divulgou dados que demonstram um preocupante e acelerado envelhecimento da população brasileira. A Taxa de fecundidade atual é de menos de 2 filhos por mulher e em breve deverá chegar a apenas 1,5 filho por mulher, índice preocupante, pois é bem abaixo do que seria necessário para manter a população, muito menos assegurar algum crescimento demográfico.


IBGE, 26 de Outubro de 2016

IBGE divulga retroprojeção da população de 2000 a 1980

O IBGE divulga hoje (26/10/2016) a retroprojeção da população do Brasil de 2000 a 1980. Com isso, é possível construir séries históricas compatibilizadas desde 1980 até 2060, complementando as projeções de população divulgadas em 2013, que vão de 2000 a 2060. Estão sendo disponibilizadas novas séries para o total da população por sexo, grupos de idade e indicadores como taxa de crescimento da população, taxa de fecundidade total e por grupo de idade da mãe, e esperança de vida ao nascer, para o período de 1980 a 1999, sendo os indicadores para o ano de 2000 em diante os mesmos apresentados pela Projeção de População (2013). A nota metodológica e as tabelas de resultados podem ser consultadas aqui.


Proporção da população, por sexo e idade. Brasil, 1980-2030



Os resultados demonstram o processo de envelhecimento da população, evidenciado pelo estreitamento da base da pirâmide demográfica. Esse estreitamento é decorrente, principalmente, da expressiva queda na taxa de fecundidade. Em 1980, a taxa de fecundidade total era estimada em 4,12 filhos por mulher, caindo para 2,39 em 2000. Para 2030, a Projeção de População estima uma fecundidade de 1,51 filhos por mulher, chegando a 1,50 em 2060. 


Taxas de Fecundidade Total. Brasil, 1980-2030


Já a esperança de vida ao nascer era de 62,58 anos para ambos os sexos em 1980, elevou-se para 66,94 em 1991e 69,83 anos em 2000, de acordo com Projeção de População (2013).
Esperança de vida ao nascer. Brasil, 1980-2030


Comunicação Social do IBGE
 
http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=3287